quinta-feira, 4 de junho de 2020

Racismo Estrutural e Invisível no Brasil

Consulta rápida ao Wikipédia: Homo homini lupus é uma sentença latina que significa: o homem é o lobo do homem. Foi criada por Plauto (254-184) em sua obra Asinaria. Bem mais tarde foi popularizada por Thomas Hobbes, filósofo inglês do século XVIII.

A expressão “o homem é o lobo do homem” pode ter os mais diversos significados. Atrevo-me a dizer que o homem, no alto da sua “superioridade”, por motivos histórico-sociais, acaba por denegrir, ridicularizar, humilhar e tentar diminuir um indivíduo da própria raça.

Após a vitória do Santos diante do Grêmio na quinta-feira última, na Arena Grêmio, em duelo válido pelas oitavas de final da Copa do Brasil, o goleiro Aranha deixou o gramado acusando a torcida gaúcha de racismo. Segundo o jogador, torcedores do Grêmio xingaram de “preto fedido”.

As câmeras de televisão da ESPN Brasil registraram o momento em que os torcedores imitam macaco em coro das arquibancadas para provocar o jogador. O mais curioso é que pelas imagens da TV podemos ver, no grupo de torcedores, várias pessoas negras se manifestando. Além disso, as imagens mostram uma torcedora xingando o goleiro de macaco.

Horas depois, como não podia deixar de ser, a garota foi bombardeada nas mídias sociais com frases do tipo: "é uma vaca", "é uma branquela horrorosa", "é uma desgraçada" bla, bla, bla... e também os próprios gremistas foram vítimas de insultos como: "os homens do sul não gostam de aranha" e bla bla bla. Ou seja, insultos gerando insultos, discriminação racial gerando homofobia, uma verdadeira guerra entre pessoas.

Fatos Recentes

Não é de hoje que estamos vendo pelos noticiários estes lamentáveis episódios no futebol e também em outras esferas da sociedade. Recentemente, a jornalista potiguar Micheline Borges fez um comentário em sua página pessoal no Facebook sobre a aparência de médicos cubanos que chegaram ao Brasil. A postagem ganhou repercussão nacional e fez com que a jornalista apagasse o perfil nas redes sociais.


Para ela, a postagem não foi preconceituosa. Mas a opinião pública logo se espalhou pelas redes sociais. Muitos internautas reproduziram a postagem e fizeram comentários criticando a frase da jornalista, que mesmo assim continuou se defendeu na rede social durante algumas horas.

"Se eu chegar numa consulta e encontrar um médico com cara de acabado ou num escritório de advocacia e o advogado mal vestido vou embora", comparou, antes de encerrar a conta no Facebook.

Se você leitor é negro, tenho certeza que já foi vítima de algum tipo de discriminação racial na vida. Eu não sou negro, mas sou mestiço e tenho muitos parentes que são negros. E a pergunta que não quer calar é: quando este tipo de comportamento irá acabar?

Cada um terá sua resposta a esta pergunta, a minha é: “daqui décadas, séculos ou mesmo milênios quando a raça humana será extinta”. Meu pensamento pessimista vem da minha constatação de que o ser humano está em uma guerra permanente, invisível, velada e subestimada. Sou partidário do pensamento de Hobbes que desmonta o valor retórico da liberdade e da igualdade. Para ele, a igualdade leva à guerra de “todos contra todos”.

No lamentável episódio da partida de futebol, esporte este que vez ou outra transforma os estádios em campos de batalha, dentro e fora do gramado, a torcedora não admite que seu time apresentou menor desempenho no campo e parte para o ataque com a única arma que tem naquele momento: “seu grito inflamado”. Grito este que não é articulado pela razão e sim pela emoção, sendo esta o resultado de anos e anos de distorções sociais introjetadas na sua mente.

Conceituação

"Racismo" é um termo amplo utilizado para descrever variados tipos de crenças e atos que negam a igualdade fundamental de todos os seres humanos, em função da percepção de diferenças de "raça", ascendência, cor ou aparência.

A maioria das pessoas usa a idéia de raça, ou de aparência relacionada à raça, como maneira de identificar a si mesmos ou aos outros. Entretanto, a ciência nos ensina que existe apenas uma raça: a raça humana, ponto final!

A discriminação racial é o racismo em ação: Qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, ascendência ou origem nacional ou étnica que tenha como finalidade ou efeito anular ou impedir o reconhecimento, gozo ou exercício, em pé de igualdade, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social e cultural, entre outros, da vida pública.

História

O racismo, como o percebemos hoje, é algo relativamente recente na história na humanidade. Até por volta da Idade Média, os principais fatores de discriminação eram religiosos, políticos ou referentes à nacionalidade e à linguagem do indivíduo.

No século XV, quando os europeus desembarcaram na África, e principalmente com o início do tráfico negreiro, usaram a ciência a favor do colonialismo e desenvolveram teorias de superioridade evolutiva, baseadas em diferenças biológicas, que justificavam seus interesses de expansão e poder.

Estava criado o racismo etnocêntrico, fundamentado em doutrinas bíblicas, filosóficas e científicas que não resistiram à evolução dos tempos, mas que deixaram marcas indeléveis e profundas nas sociedades que as usaram para justificar a escravidão, como é o caso da sociedade brasileira.

O Racismo Invisível no Brasil

No final do século XIX, com a abolição da escravatura e ainda sob forte influência das teses de superioridade europeia, começa a ser colocado em prática um projeto de construção de uma nova nação brasileira, que deveria ser melhorada através do “embranquecimento” de seu povo.

Algumas décadas mais tarde, esta teoria lugar à da miscigenação, que acabou criando um dos mitos mais prejudiciais à luta contra o racismo: o mito da democracia racial. Foi ele que, durante décadas, impediu o Brasil de se tornar um país realmente democrático, com tratamento e oportunidade iguais para todos, ao negar reconhecimento a um problema que atinge mais da metade da nossa população.

Mas até hoje pessoas preferem dizer que não existe racismo no país (o pior cego é aquele que não quer ver). Telegramas entre diplomatas americanos e o governo dos Estados Unidos que o site Wikileaks vem vazando, dizem o contrário. Em um pacote de 25 telegramas da embaixada dos Estados Unidos em Brasília e do consulado em São Paulo redigidos entre 2004 e 2009, diplomatas americanos informaram ao seu governo que “Muitos (brasileiros) alegam que o racismo não existe, apesar das evidências esmagadoras do contrário“.


Provavelmente, os americanos, um dos povos mais racistas do mundo, fazem referência ao livro do diretor de jornalismo Ali Kamel: “Não somos racistas”. No livro, publicado em 2006 pela Nova Fronteira, o autor garante que não há discriminação racial no Brasil e que todos vivem em harmonia.

Escrito em plena batalha pela implantação das cotas nas universidades, o livro serviu como instrumento da direita para combater as políticas do governo Lula. Para o jornalista, o racismo não teria peso na cultura nacional e não contaria com o aval das instituições públicas e privadas. Nesse sentido, teorizava o autor, a implantação das cotas raciais teria um efeito inverso, negativo, estimulando o racismo. Eu particularmente tenho um outro ponto de vista para esta questão, mas seria assunto para outro post.

O Racismo no Inconsciente

Se hoje já se admite que o Brasil é um país racista, é preciso admitir também que nossos pensamentos e atitudes são condicionados por essa cultura e essa ideologia racista, pois crescemos introjetando e reproduzindo o que já está estabelecido socialmente.

Um estudo mostrou que as crianças são abertamente preconceituosas, e que essa característica perde força a partir da maturação das estruturas cognitivas que permitem que ela deixe de julgar as pessoas com quem se relaciona apenas pela aparência e passe a levar em conta conceitos como bondade ou amizade.

Mostrou também que o racismo, longe de desaparecer com a idade e a necessidade de socialização, caso não haja nenhuma iniciativa por parte de pais e/ou educadores, é introjetado e velado pelo aprendizado das normas sociais vigentes, passando a se manifestar de forma indireta e, em muitos casos, inconsciente.

Imperativos para o Crescimento Econômico

No mundo atual as forças globais emergentes concorrem para moldar o futuro. Algumas forças ameaçam dividir, empobrecer e criar "vencedores" e "perdedores", enquanto outras acenam com possibilidades de um futuro em que a inclusão torne-se uma necessidade econômica e prática para servir ao bem comum.


Não temos outra alternativa senão combater os efeitos negativos e tirar proveito dos aspectos positivos. Na economia global, a pobreza, a falta de saúde, o desemprego e a falta de acesso à escola para os indivíduos (negros e outros segregados em sua maioria) são obstáculos que atrasam a realização das metas do desenvolvimento nacional.

Estimativas recentes sugerem que Brasil, África do Sul e Estados Unidos poderiam ganhar um aumento conjunto de produtividade econômica equivalente ao Produto Interno Bruto (PIB) da 15a maior economia do mundo, se eliminassem a discriminação racial.

Cada uma das nações precisa dos talentos e habilidades dos negros e de outras pessoas menos favorecidas para poder competir efetivamente por investimentos e crescimento econômico no mercado global.

Fontes consultadas:

Artigo
Reportagem

19 comentários:

  1. Porr# Uó!! Quanto conteúdo bom em seu blog!rs
    Estou sem tempo para ler mas no final de semana fica como lição de casa!!
    Questão de racismo aqui no Brasil eu acho um absurdo! Estas pessoas não sabem 0,0001% do mal que isto causou no mundo considerando ato racista com várias etnias.
    Tenho um amigo que é de pele branca porém os avós são negros. Foi para Argentina trabalhar e lá eles o chamavam de macaco e sabe porque? Porque é Brasileiro, simplesmente.

    Grande Abraço!

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    1. Muita informação né Raposa? Antes eu lia os assuntos e ficava interiorizando, agora estou usando o blog como um meio de reflexão. Gosto de ter a contra-opinião dos colegas em relação aos meus pensamentos.
      Ah Argentina, já ouvi dizer que são muito racistas, é um dos últimos países que visitarei, se é que irei lá um dia, rs

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  2. Bom, vamos lá que este assunto é muito complicado.

    De primeiro, não há como contestar que não temos preconceito. Todos temos, não importa quem, se você tem aversão a qualquer tipo de pessoa você é um preconceituoso, se você não gosta de testemunha de Geová que bate na sua porta, ou de um ex presidiário, você é um preconceituoso. Agora, existe uma diferença entre ser preconceituoso na sua cabeça e colocar isso pra fora.

    Explico. Vamos contextualizar no caso dito na postagem. Se você não gosta de negros, não gosta de estar próximo a negros, não gosta de conversar com negros, mas respeitá-os como qualquer outra pessoa, então você é um preconceituoso que não traz mal a sociedade, ora, visto que você possui respeito acima do seu preconceito. Agora, se você não gosta de negros, e difama-os, ou os denigre de alguma forma, então isso é ser preconceituoso que traz coisas ruins a sociedade.

    Temos que diferir muito bem esses dois tipos de pessoas, já que um é ruim e o outro não a sociedade.

    Outro ponto muito importante que deve ser falado. O povo brasileiro é miscigenado e multi cultural, assim como no Canadá. Quanto mais multi cultural e/ou miscigenado for o povo, pior será o preconceito. Não seria diferente? Não, pois quando você não tem contato com outras pessoas de culturas sociais diferentes você não é preconceituoso, você apenas tem medo da nova cultura, pois é algo que você não conhece e rejeita apenas por extinto.

    Agora, o que não admito é dizer que uma pessoa está na merda por causa do preconceito. Isso eu não admito nem um pouco. Acho o cúmulo uma pessoa que diz que está onde está na vida porque foi alvo de preconceito. Dizer que não passou na faculdade por ser negro ou não tem um bom emprego por causa da sua religião. Se tem uma coisa que sempre me ensinaram na vida é, o motivo de você viver na merda é porque você gosta, porque se não gostasse você levantaria sua bunda e trabalharia para sair de lá.

    Uta!

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    1. Opa, realmente é um tema polêmico, e admiro quem virá aqui colocar a cara a tapa como você, tenho certeza que este post terá umas 1.000 visualizações e no máximo uns 3 comentários, é um tema velado e que incomoda muita gente.

      Concordo em parte com o que você falou amigo estagiário. O ser humando é preconceituoso por natureza, é algo que não tem como mudar, somos julgados e julgamos o tempo todo. E o racismo nada mais é do que uma forma de preconceito social com base em uma idéia equivocada de raça. O que você chama "ser preconceituoso na cabeça" nada mais é do que o racismo na sua forma primitiva como foi dito no post: "Racismo é um termo amplo utilizado para descrever variados tipos de CRENÇAS (...) que negam a igualdade fundamental de todos os seres humanos", ou seja, se você interiorizou mas não colocou para fora está sendo "racista" da mesma forma. E isto não é menos prejudicial tanto para você quanto para o próximo. "colocar para fora" como você disse nada mais é que praticar a discriminação que é o "racismo em ação" como foi dito no texto.

      Este "não fazer mal à sociedade" pois não "colocou para fora" é questionável, acredito que faz mal tanto para o preconceituoso que se sente desconfortável perante alguém quanto para o próximo que é visto como um ser inferior. E como foi dito no texto, o pior racismo é o invísivel, então é tão danoso quanto o revelado.

      Outro ponto polêmico: "Quanto mais multi cultural e/ou miscigenado for o povo, pior será o preconceito". Será mesmo? Tenho minhas dúvidas. Vivemos em um país onde temos os de origem oriental, européia, africana, etc. Será que os orientais, por exemplo, sofrem de racismo aqui no Brasil? Não sou estudioso do assunto, não li muitas pesquisas, mas acredito que possa até existir um racismo "às avessas" tipo, nossa, olha aquele japonês, deve sere super inteligente. Não passa de um preconceito, talvez um preconceito do bem. Mas será que existe preconceitos do bem? é um ponto a se pensar...

      Sobre dizer que a pessoas está "na lama" por causa de preconceito é tampar o sol com a peneira, o problema social neste caso é muito mais profundo. O indivíduo tem dificuldade em passar em um vestibular não por ser negro, mas sim porque nasceu em uma família sem estrutura, teve os primeiros anos de vida prejudicados (sim, as estruturas cerebrais dos indivíduos se forma nos primeiros anos de vida, se algo não vai bem neste tempo ele terá prejuízos durante toda a vida), dentre outros fatores estruturais. Não penso que viver na lama seja uma escolha, talvez em alguns casos sim, mas são a minoria. Infelizmente, para os "prejudicados", chega-se em um ponto em que não há mais retorno. Você vê a TV o cara que assalta, mata e considera aquilo normal, "eu mato mesmo, algum problema?! melhor me deixar preso porque se eu sair vou matar de novo, ok?" e não é porque é negro, porque é maldoso, etc, e sim porque as estruturas nas quais o mesmo foi inserido o levaram para tal comportamento. E não é só a pobreza ou a discriminação racial que transforma o indivíduo, vemos aí na TV médicos (brancos) matando o filho, meninas de classe média matando os pais e por aí vai... Retorno então ao pensamento de Hobbes, estamos em uma guerra de todos contra todos...

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    2. UB, parabéns. Ótimo texto e ótimo comentário (com a devida vênia ao Estagiário).
      A única forma de aceitar o "estranho", é conhecendo o que é "estranho".
      Não sei se você já leu Kafka. Para mim ele é um dos escritores mais brilhantes de todos os tempos. Livros como a "Metamorfose" ou "O Castelo" são obras-primas da humanidade. O pano de fundo é a noção de ser "estranho". Isso foi um tema muito caro ao Kafka, pois ele era judeu em Praga.
      Quando estive no museu dele em Praga, uma das montagens mais impressionantes que eu vi na vida era uma passagem de um trecho da obra o "castelo" e ia tomando forma e ia dizendo que você não era nada, mas você não podia ser nada, você tinha que ser alguma coisa, você era um estranho, e a imagem se transformava em pessoas num campo de concentração nazista.
      Kafka soube lidar com essa questão de racismo, preconceito de uma forma magistral e mostrar com uma contundência ímpar como isso pode destruir a vida de uma pessoa.
      Eu mesmo tive essa experiência, o primeiro mochilão que fiz na europa fui com um amigo moreno. Sempre o paravam para pedir passaporte, e eu sempre passava reto, mesmo que nós dois estivéssemos conversando. Deve ser duro conviver com isso. Imagine ainda se você é destituído de recursos e de dignidade diariamente?
      Valeu, UB, você está caprichando nos últimos artigos.

      Abraço!

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    3. Grande Uó,

      Para deixar mais organizado os comentários, vou colocar em tópicos como estamos conversando, assim fica mais fácil de podermos argumentar.

      Racismo Invisível e O Racismo Praticado

      Sobre o racismo invisível que você colocou eu entendo de outra forma. Quando uma pessoa é racista sem ação eu digo que ela pode até ter ideias racistas, mas isso não passa de ideias. Um exemplo? Não gosto de Testemunhas de Jeová que me acordam às 6 horas da manhã em um domingo para pregar a palavra deles. Não gosto e tenho aversão a isso... Contudo, todas as vezes que eles me acordam e vou até a porta e vejo que são eles, atendo-os normalmente, trato com respeito e ouço até o final tudo que eles tem a falar, mesmo que esteja cansado. Veja, digo que sou racista pois não gosto deles, mas não tenho nenhuma divergência no meu modo de ser entre atender uma pessoa qualquer e eles quando tocam a campainha.
      O racismo invisível que conheço é um outro tipo, por exemplo, quando você entra em uma vaga de emprego, preenche todos os requisitos e dizem que vão te contratar mas não o fazem porque você é negro, mas isso não fica totalmente explícito, já que eles dão outros motivos pelo qual você não foi aceito. Quando você acoberta o seu racismo em ação, na minha opinião é o racismo invisível.

      O racismo como culpa

      "O indivíduo tem dificuldade em passar em um vestibular não por ser negro, mas sim porque nasceu em uma família sem estrutura, teve os primeiros anos de vida prejudicados..."
      Exatamente o que disse... O problema não é por causa de ser negro, é porque antes disso teve problemas adversos, uma família sem estrutura não acontece somente em famílias de pessoas negras, existem em diversas pessoas, assim como a fome, problemas de saneamento básico, que também podem comprometer a evolução do cérebro da criança.

      O racismo e a miscigenação/multiculturalismo

      Onde mais se ouve haver preconceito não é na Europa ou países asiáticos, os locais onde se há mais preconceito é nas Américas e no Oriente Médio. O que temos nestes dois locais? Miscigenação e/ou multiculturalismo. Locais onde há muitas culturas temos problemas em processar tudo isso e acabamos por colocar a culpa de poucos indivíduos em aquela determinada etnia. Por exemplo, se você vê todos os dias bandidos negros sendo presos, você parte do princípio que preto é bandido, se você vê muitos japoneses passando em vestibulares você partirá do princípio que japoneses são inteligentes, se você vê só coisa ruim de uma cidade ou bairro, você parte do princípio que quem é de lá é ruim. Formatamos um pré-conceito em nossa cabeça que depois com o passar dos tempos isso fica tão fixado que não mudamos mais e ai se torna um preconceito.

      Sobre japoneses e racismo

      Todas as etnias sofrem preconceito, porém os negros sofrem mais, muito mas muito mais que qualquer outra etnia, pelos motivos históricos. Quando os primeiros japoneses vieram para o Brasil, eles eram muito mal julgados, muitos tinham trabalhavam quase como escravos e na época da guerra, não podiam falar absolutamente nada em japonês, e ainda não podiam fazer nenhuma manifestação de cultura, como festas ou banquetes tradicionais. Os japoneses por muito tempo foram sim mal julgados e vítimas de preconceito, assim como os italianos que vieram no começo da segunda guerra, os espanhóis e demais nacionalidades.

      Em resumo, o que acredito ser o mal da sociedade não é o racismo, pois tentar acabar com ele é uma guerra perdida, mas para mim o mal da sociedade é o não tratamento com respeito e a não imparcialidade. Se alguém for imparcial e tiver respeito com todos, ele pode ter pensamentos nazistas que eu to pouco me lixando. O que discuto muito com as pessoas é, cada um é cada um, isso não podemos mudar, o que podemos fazer são pessoas que saibam conviver em sociedade.

      Soulsurfer,

      Tentei ler um livro do Kafka mas não aguentei, parei de ler e comecei a ler "Humano, demasiado humano" do Friedrich Nietzsche. Sugere alguma leitura menos pesada do Kafka?

      Uta!

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    4. Olá Sô!
      Obrigado pelos elogios, tem dia que bate uma vontade de escrever, sabe como é né? Peço desculpas pelos erros de português, geralmente dou apenas uma lida final no texto, e engenheiro não é lá bom de escrita, rs
      Sobre os livros do Kafka, até tenho Metamorfose aqui na estante, mas lembro-me de ter começado ler este livro e parado lá pelas páginas iniciais, foi anos atrás, acho que não estava preparado para a leitura, rs, mas foi bom você citar estas referências, em breve devo revisitar este livro e dar uma pesquisada sobre o outro.
      Sobre os episódios do seu colega de viagem, já ouvi outro relatos semelhantes, talvez seja isto que (inconscientemente) me afastou até hoje de viagens pelo mundo. Gosto muito de estudar outras culturas, navegar na internet pelas cidades do mundo pelo Street View, assitir filmes que se passam em outras cidades, etc, mas vontade mesmo de por o pé em outros países me falta. Não sou negro mas tenho a pele morena como seu colega, enfim, pode ser que isto mude no futuro.
      Bom fds!

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    5. Olá Estagiário,

      Acho que temos divergências de pensamentos (normal), e isto não quer dizer que eu estou certo e você errado e vice-versa, são apenas pontos de vista distintos.


      Racismo Invisível e O Racismo Praticado: ser incomodado por testemunhas de jeová (fator religioso) não é racismo pois vc não considera que são de outra raça e sim um preconceito religioso. A sua postura diante deles é respeitosa a ponto de levantar da sua cama em um domingo cedo e ir à porta atendê-los cordialmente, mesmo que por dentro esteja detestando aquilo. O exemplo do racismo invisível que você mencionou também não faz sentido para mim, é um exemplo real de discriminação, não ficou claro para o candidato ao emprego mas o que o recrutador praticou foi agir conforme suas crenças equivocadas. Racismo invísivel, ao meu ver, é representado por este escritor que eu mencionei no post. Ao publicar um livro com os dizeres "Não somos racistas" e discorrer sobre este tema o autor tenta distorcer os fatos. Como se combate algo que não existe?

      O racismo como culpa: Aqui estamos convergindo.

      O racismo e a miscigenação/multiculturalismo: O que você pontuou é racional e lógico, onde temos mais diversidade temos então mais conflitos. Mas não quer dizer que um país com mais diversidade é mais racista que um país com menos diversidade. Porém não sei se foi isto que você quis dizer.

      Sobre japoneses e racismo: Sim, concordo com você, mas meu exemplo é no tempo atual, com certeza no passado todos estes imigrantes tiveram alguma dificuldade para serem aceitos, é normal. Mas no dia de hoje tenho certeza que os negros são vistos de uma forma diferente em relação aos japoneses, italianos...

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  3. Não há essa conversa de racismo no Brasil.
    Aqui temos o preconceito economico, só isso.
    O pelé nunca teve problemas de ser negro. Até a xuxa ele pegou.
    Mas a verdade é que os negros não se auto-declaram negros, a não ser em situações onde as cotas raciais lhe favorecem.
    Verdade maior é que nosso povo é muito sem vergonha.

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    1. É, com um post deste do blog e ainda leio isso...

      Tem jeito não.

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    2. Anonymous, racismo existe em toda parte do mundo, até mesmo os segregados possuem crenças equivocadas sobre os que segregam. O que você está dizendo é apenas uma variante do tema, tomemos por exemplo no ex ministro pois o caso pelé-xuxa é passado. O Joquim foi acusado recentemente de ter um "desvio comportamental" já que sua namorada não é negra "http://www.diariodocentrodomundo.com.br/de-pele-a-joaquim-barbosa-e-sempre-a-mesma-historia/" foi inclusive comparado ao pelé. Então quer dizer que os negro devem ter esposas negras? Isto não seria um racismo "de dentro para fora"? Veja como este jornalista está equivocado, e não é só ele que pensa assim, estou falando mentira? Vejam estas palavras: "Era como se na ascensão dos negros no Brasil estivesse incluída a mulher branca. Falta de consciência? Alienação? Deslumbramento? Compensação? Alpinismo social? A resposta a esse fenômeno é, provavelmente, uma mistura de todos estes fatores." É lamentável pensamentos retrógados como este.

      Aqui em Minas foi eleita uma miss neste ano afro-descendente (http://www.hojeemdia.com.br/horizontes/representante-de-timoteo-e-eleita-miss-minas-gerais-2014-1.264359), uma moça linda por sinal (só posso falar isto pois não a conheço pessoalmente), mas não dúvido que seja uma pessoa íntegra, inteligente, etc... Então se um cara branco se apaixonar por ela e se tornar seu namorado ele será acusado de quê? Aproveitador? Alienado? Me desculpa, mas é muita hipocrisia o que vemos por aí.

      Então voltando ao seu ponto de vista pois acho que acabei me desviando dele, será muito difícil o pelé ser discriminado (a não ser pelo Maradona, rs), pois é um cara que mostrou o seu valor. E não é porque ganhou dinheiro e ficou famoso, e sim porque mostrou ao mundo o seu valor. E o que ocorre com a maioria dos negros não-famosos é que não é dada a eles a chance de mostrarem o seu valor, já são discriminados logo de cara, talvez até por uma questão estatística de criminalidade, sei lá, mas não justifica de toda forma.

      "Os negros não se auto-declaram negros" - tendo me esforçar e entender o que o nobre colega quis dizer com esta frase, mas não consigo, me parece uma frase carregada de distorções e falsos dogmas. Algo formado a partir de uma visão turva e sem horizonte.

      "nosso povo é muito sem vergonha." ah, com certeza, principalmente nosso políticos, "brancos" na sua maioria, rs.

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  4. Lamentável esses episódios de racismo, mas voltando para as finanças você me perguntou quanto estou conseguindo nas LCAs/LCIs pois bem estou conseguindo 92% do CDI por um prazo de dois meses. Prefiro aplicar no CP pois assim posso realocar os recursos dependendo da situação, porem, geralmente, reaplico. Esse mês vou reaplicar e os lucros que obtive com a venda de ações também serão realocados em LCI/LCA.
    E vou mais longe se o Ibovespa continuar subindo vou vender BOVA11.

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    1. As minhas também são de 2 meses, estamos com estratégias parecidas, aplico pela Rico.
      Abraço!

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  5. Aranha pode, macaco não.
    Os dois são bichos.

    O ex pugilista Adilson "Maguila" Rodrigues tinha esse apelido justamente pela comparação com Maguila, o gorila, de Hanna-Barbera, imensa força e comer muita banana. Nunca se incomodou com isso, ao contrário, dizia que isso ajudou a impulsionar a sua carreira.

    Pelé era constantemente hostilizado, principalmente em campos estrangeiros quando era chamado de "macaquito" e respondia as provocações com gols, muitos gols.

    Num episódio antigo dos Trapalhões, talvez até esteja no YouTube, o carro que estavam teve o pneu furado e eles não tinham macaco para troca-lo, o Didi disse que não precisava porque tinha o Mussum.

    Sei que o termo "macaco" usado pela torcedora foi totalmente pejorativo, não ha justificativas e nem pretendo defende-la, mas a dimensão tomada é totalmente desproporcional, estão tratando-a como um monstro, sua casa foi apedrejada e a família sofre ameaças das mais diversas, de estupro até morte, algo inconcebível.

    Não justifica tamanha repercussão, nem esse, e nem outros casos de racismo que surgem pelo mundo afora.

    Uma repreensão e/ou pagamento de multa resolveria a questão e ponto final, mas criar uma linha de investigação sobre esse caso envolvendo tribunais desportivos e justiça comum, esferas que podem levar ao Supremo, só demonstra uma coisa: vivemos num país perfeito, não ha nada mais importante ha fazer, vamos julgar xingamentos.

    Ora, façam-me o favor!

    Vamos parar com demagogia, vamos dar importância ao que realmente necessita, e diga-se de passagem, é muita coisa.

    Obs: Sou negro, formado em jornalismo pela USP e contra cotas raciais.

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    1. O problema não é a palavra macaco nem mesmo o animal macaco que é um animal como outro qualquer como bem pontou você, o problema é sim o ser humano tentar diminuir o outro com um critério discriminatório, e neste sentido palavras são usadas com conotações perjorativos e agressivas.

      A discriminação por cor existe e é real, e não é a única em gravidade: em pesquisa recente nos Estados Unidos foi constatado que a sociedade está discriminando muito pela aparência das pessoas, pessoas bonitas recebem maiores salários, réus bonitos recebem penas menores, pessoas bonitas são bem atendidas em lojas, e por aí vai.

      Sobre a "pena" imposta pela sociedade à jovem torcedora, nada mais é do que o fruto de uma sociedade que quer fazer "justiça" pelas próprias mãos, de uma imprensa sensacionalista ao extremo e de um país confuso e difuso. Ela está pagando pelo erro, se é um preço alto demais não sei, mas todo erro, por menor que seja, não pode ficar impune.

      Abraço!

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  6. Tava demorando pra blogosfera começar de frescura fora de tópico. Quando vão aceitar que racismo sempre existiu e sempre vai existir enquanto formos humanos. Isto é parte inerente ao funcionamento cerebral, mesmo vc negando, no fundo vc tem preconceito com TUDO o que é diferente, em maior ou menor grau.

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    1. Qd vc já esta com os bolsos cheios de dinheiro dá preguiça ficar falando de dinheiro. Temos que abordar outros temas. Preconceitos fazem parte sim da psique humana sim, e o primeiro passo para combatermos o racismo é reconhecê-lo. Conto com você nesta luta.

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    2. tao danoso quanto o racismo é a falta de humildade não é nao uó. Tem tanto dinheiro assim doe para a causa negra, conto com vc nesta

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    3. Falei só pra te provocar, vc sabe que não sou destes, nunca esnobei aqui, mas aí vem o sujeito reclamar que meu post é frescura. Te conheço bud.

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