A queda de circulação evidencia a crise vivida pelos jornais diários brasileiros. Em 2014, segundo dados do IVC (Instituto Verificador de Circulação), a tiragem dos 16 maiores veículos juntos caiu 8,4%. É como se o quinto maior jornal brasileiro tivesse parado de ser impresso. Aliado a isso, há a redução do valor aplicado em anúncios. De 2000 a 2003, segundo a ABA (Associação Brasileira de Anunciantes), houve decréscimo de 9,5% da soma investida pelos anunciantes em jornais.
A baixa nos números começou no ano 2000, reflexo da instabilidade da moeda em relação ao dólar, que fez aumentar o preço dos insumos (especialmente o papel de imprensa), engrossar a dívida dos empresários que haviam investido em parques gráficos poucos anos antes e reduzir o poder de compra dos leitores. Há também explicações de outra ordem que contribuem para engrossar esses dados. Os próprios chefes de redação admitem que os jornais estão se tornando menos atrativos para o leitor, com conteúdo jornalístico pouco analítico. O jornal brasileiro hoje é previsível e traz notícias que já estão na boca do povo.
A crise é ainda agravada pela concorrência com outras mídias. Muito embora o jornal já tenha superado o impacto de duas grandes revoluções na comunicação - uma com o surgimento do rádio, nos anos de 1930; outra com o aparecimento da televisão, na década de 1950 -, agora a disputa ganha maiores proporções com a cada vez mais massiva adesão à Internet dos potenciais leitores de jornal. Sobre essa competição recaem dois aspectos: um, editorial; outro, comercial. O primeiro remete à dificuldade de produzir conteúdo jornalístico que não redunde com aquele feito para a web. O segundo aspecto, comercial, alude à complexa disputa por frações do dinheiro do moderno consumidor da informação. A TV, o rádio e a Internet oferecem as notícias de graça e antes do jornal, que sofre com esse problema.
Acima uma comparação interessante: o Vaticano em dois momentos - com o passar dos anos a produção de conteúdo se disseminou.
Os críticos dizem que pouco foi feito para fazer do jornal um produto competitivo. O jornal está optando pelo suicídio, porque não mudou suas características diante de outros meios mais ágeis. O leitor deveria ser surpreendido com textos mais analíticos e aprofundados, diferentes da Internet. Um bom exemplo é norte-americano The New York Times: O jornal investe em coberturas extensas, com tratamento sociológico e temas desconhecidos pelo leitor. Outra possível mudança gira em torno da redução do número de páginas do jornal.Os jornais são extensos demais, têm assuntos demais. Devem ficar mais enxutos, porque se gasta muito papel com o que não é vital para o leitor.
Além do volume, também é questionado o formato do jornal brasileiro, tradicionalmente standard. No Brasil, a única exceção de sucesso é o tablóide Zero Hora, do Rio Grande do Sul. No mundo todo as pesquisas mostram que o tablóide é preferido pelo leitor, mas o conservadorismo impede o empresário de mudar.
Acima de qualquer discussão em torno de mudanças que podem proteger contra a concorrência da Internet, até porque o empresariado não parece disposto a investir em nenhuma delas, está uma estratégia adotada pelos grandes jornais: em vez de fazer um conteúdo inovador, colocar o próprio jornal, com a credibilidade de que dispõe, na web para disputar leitores na Internet. Afinal, os jornais on-line mais lidos estão invariavelmente ligados a um jornal impresso de credibilidade. A maioria dos leitores de Internet se informam por meio de marcas de jornal corroborando a tese de que as empresas estão muito preocupadas em sobreviver como negócio, não necessariamente como jornal.
A Crise dos Diários Associados
O tradicional jornal mineiro "Estado de Minas", carro-chefe dos Diários Associados, antigo império da imprensa de Assis Chateaubriand, está à beira da falência. Os rumores de sua crise financeira são antigos. Já se falava, há alguns anos, que o jornal estava à venda, procurando um grupo empresarial para tocar a empresa. Mas nenhum comprador apareceu até agora. Hoje, no cume de sua agonia, colocou sua sede à venda e já começou processo de demissões de jornalistas e funcionários administrativos. O jornal completou 87 anos de circulação no último dia 7 de março em meio à maior crise que já enfrentou em sua história. O diário começou a circular em 7 de março de 1928.
Os jornais impressos estão enfrentando problemas em todo o mundo. Recentemente o Washington Post também colocou sua sede à venda. Diariamente se tem notícia de jornais nos Estados Unidos e na Europa que estão fechando as portas ou reduzindo drasticamente suas tiragens em consequência das novas tecnologias que, indiscutivelmente, tem tido forte impacto no modelo de negócios destas publicações. No entanto, seria um equívoco atribuir à derrocada dos Associados e, em especial do jornal Estado de Minas, apenas às novas tecnologias. Os problemas são mais antigos e profundos.
Nas últimas eleições, o jornal deixou de lado a sua neutralidade – característica do seu perfil tradicional e conservador, que é a base da ética mineira – para apoiar abertamente Aécio Neves à Presidência da República. Publicou reportagens com grandes manchetes na primeira página sobre o envolvimento do PT na corrupção, em geral, e em especial na Petrobras. Naturalmente, com o resultado das eleições, sua opção comercial não contribuiu para sua sobrevivência empresarial. Pois o PT, que foi atacado, venceu para o governo de Minas e para a Presidência da República. Assim, o jornal ficou fora do loteamento da verba publicitária governamental em nível estadual e federal.
Mas isso não é só a causa principal de sua falência empresarial. As empresas mineiras enfrentam problemas com a crise nacional e internacional, e diminuíram as inserções de anúncios na mídia em geral. A Fiat, a VS Tubos, a Gerdau-Açominas, a Usiminas e outras estão em crise e dando férias coletivas a seus funcionários. Também estão demitindo. O que contribui para a diminuição do volume da publicidade para a imprensa em geral. Mas a crise do Estado de Minas não é de hoje, e sim resultado de décadas de erros e tentativas comerciais e editoriais mal pensadas.
Mais antigo, tradicional e conservador jornal de Minas Gerais, o Estado de Minas é mais um exemplo da decadência da mídia impressa. Está procurando comprador para o edifício onde está instalada sua redação. Trata-se de um prédio na Avenida Getúlio Vargas, na Savassi, um dos pontos mais valorizados de Belo Horizonte. De acordo com fontes do mercado imobiliário local, o jornal dos Diários Associados estaria pedindo R$ 50 milhões, mas teria ofertas de, no máximo, R$ 30 milhões. (A sede original do jornal, na Rua Goiás, no centro da capital mineira, ainda pertence ao grupo.)
A venda da sede do Estado de Minas é mais um capítulo da crise da mídia impressa. O jornal enfrenta uma crise de credibilidade, custos crescentes, queda de circulação e diminuição da receita publicitária. A direção do grupo deve transferir a redação para a sede da TV Alterosa, retransmissora do SBT em Minas Gerais. Outros jornais mineiros, como o Hoje em Dia e O Tempo, também passaram por reestruturações empresariais, corte de pessoal e alteração do formato e estilo de redação na luta pela sobrevivência.
O Fim da Rádio Guarani
Os ouvintes mineiros acabam de sofrer um duro golpe com o fim da Guarani FM de Belo Horizonte. A frequência está sendo assumida pela "Rede Gospel — Feliz FM", sediada em São Paulo e que tem no comando o fundador e presidente da comunidade cristã "Paz e Vida", pastor Juanribe Pagliarin.
Há mais de trinta anos no ar, a emissora de propriedade do grupo Diários Associados se pautava pelo estilo musical e jornalístico adulto contemporâneo com boa música (clássica, blues, MPB, pop e jazz), agenda cultural destacando os eventos de qualidade da capital mineira e jornalismo com informação relevante.
Mineiros apaixonados pela programação da já extinta rádio iniciaram dois movimentos em defesa da rádio. Na rede social Facebook, inicialmente foi criada a comunidade "Órfãos da Guarani FM", que já conta com 1.900 seguidores. Ao mesmo tempo, na mesma rede social, um outro grupo de pessoas criou um evento chamada "Fica Rádio Guarani FM", marcando um protesto para o dia 24 de abril de 2015. Até esta terça-feira (05/05), o evento já tinha a confirmação de mais de 12.000 pessoas.
são os novos tempos....
ResponderExcluirUó, sou do tempo da vídeo locadora! Das lojas de CD e Vinil... Das fitas cassetes... Comprava filme Kodak ou Fuji de 12, 24 ou 36 fotos... Fiquei moderno e tinha disquetes 5 1/4, depois mais moderno ainda com disquetes 3 1/2. Modernizei mais : CDs gravando arquivos de computador. Hoje o Pen Drive e o HD externo são corriqueiros.
Enfim... para os diários, na minha concepção : Acabou!
O tradicional Jornal do Brasil que meu pai assinava na minha infancia, acabou!
E quem não segue, fica como as empresas que param no tempo : perdem o bonde da história, tornam-se ultrapassadas e entram em falência.
É a vida...
eu tb sou deste tempo seu guarda. mas agora não gasto mais grana com estas coisas, está tudo na ponta do mouse, rs.
ExcluirNova era, novos tempos.
ResponderExcluirMas, além de todos os problemas, apoiar um candidato é muito arriscado, pois em caso de derrota as verbas somem. A Editora Abril está com esse problema também, falam que por aí que a Playboy vai acabar, a Info só circula em versão digital.
Mas como foi dito no post, muitas empresas erraram por se endividar demais.
Pois é, hj em dia quem compra Playboy é só dono de barbearia e clínica de fertilização. rs
ExcluirPost interessante, UO!
ResponderExcluirO povo brasileiro lê muito pouco. Pouca cultura e pouco seletivo para as boas instituições.
Abraço
Povo brasileiro gosta é de Whats App e Facebook, aff.
ExcluirLamentável!!!!!!!! Mas era previsível a falência do ESTADO DE MINAS, desde que resolveram desprezar as verdadeiras INTELIGÊNCIAS,por jovens gananciosos,vindos de fora.Um jornal não precisa da força física dos jovens,mas EXPERIÊNCIA e INTELIGÊNCIA dos mais velhos. velhos.Pagaram p/ ver e viram."Em terra de cegos...." tem que,pelo menos, saber ler......
ExcluirFicaram obsoletos...
ExcluirSei que sou minoria, mas prefiro livros e revistas FÍSICOS! A internet, no meu modo talvez arcaico de ser, é um complemento, e não substituto da mídia impressa.
ResponderExcluirQuando faço buscas na Web já tenho um certo conhecimento do que procuro, e, mesmo quando me deparo com coisas novas, tudo é resultado de experiências prévias advindas do mundo real.
Sim, sou mais um órfão da Guarani FM, pois se hoje tenho como caçar músicas de qualidade no YouTube e similares devo isso à minha formação como ouvinte, que certamente não seria a mesma caso eu crescesse nos dias de hoje ouvindo pagode/ axé/ funk/ sertanejo pop ou então gente berrando por milagres no melhor estilo Jim Jones!
A mídia impressa nunca morrerá, teremos menos tiragem mas há lugar no futuro para jornais e revistas. Note que hoje a classe C está lendo jornal e comprando diariamente (Super, Aqui, etc) mesmo que para acompanhar o futebol ou os casos policiais, mas já é um sinal de que o maior problema não está no formato e sim no conteúdo.
ExcluirUma pena, sinceramente, é a cultura mineira indo pro brejo. Diarios Associados chegando ao fim, quem diria um patrimonio, uma obra, uma historia ir ao chão. O que virá por ai???
ResponderExcluirCom o fim da Guarani tenho procurado utras estações no dial, ate que tenho encontrado umas boas...
ExcluirUma era que se vai, o fim do bom gosto e a vitória do apenas comercial.. Anteriormente vimos os cinemas sendo destruídos e foi o fim de lembranças, trocas de revistas, primeiro namoro. Agora, de novo a rasteira é dada com o fim da Rádio Guarani.
ResponderExcluirCulpar o novo dono? Não. Nós somos os culpados, permitimos a destruição do Brasil.
Me parece que o negócio deixou de ser viável para eles, talvez diminuição de publicidade. Realmente os tempos agora são outros, cinema e música agora está no clique do mouse.
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