sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Post Histórico: A Falência do Banco do Brasil!



No filme nacional “Mauá - O Imperador e o Rei”, que retrata a vida de Irineu Evangelista de Sousa, mais conhecido como Barão de Mauá, há uma cena (no minuto 18) que apresenta o barão investidor ainda jovem realizando um “trade de valor” rs. Nesta passagem da sua vida, ele compra ações do Banco do Brasil a preço de banana na mão de um comerciante em dificuldades financeiras. Segundo o próprio comerciante, o banco estava quase falido e as ações não valiam nada, mesmo assim o jovem Mauá visualizou um bom negócio pensando no longo prazo.

No minuto 27 podemos ver uma cena na qual o Banco está sendo liquidado (sim, o BB já faliu, rs) e uma autoridade está realizando o resgate das ações dos acionistas majoritários. O jovem Mauá entra na sala para vender suas ações e, num primeiro momento, é rechaçado pela autoridade. Só após conferirem a autenticidade dos papéis, a venda é concretizada e o Barão realiza seu primeiro lucro.

Não sei se esta é uma cena baseada em fatos reais ou apenas ficção, até realizei uma pesquisa rápida na internet, mas a única informação que encontrei é que o Barão foi um dos responsáveis pela recriação do Banco do Brasil em 1851, vinte e três anos após a falência do banco em 1828. A falência do Banco de Brasil é descrita por Réges Philippsen no seu texto “Ferrovia Estreito a Lages” da seguinte forma:

“A abertura de novas estradas motivou o desenvolvimento econômico nacional. O Brasil recém independente em 1824 atravessava uma intensa crise econômica e financeira, e necessitava  de estímulos. O açúcar era o principal produto de exportação, seguido pelo tabaco e o algodão, formavam uma economia frágil que não suportou a concorrência com o açúcar extraído da beterraba nos Estados Unidos e na Europa, nem com as restrições ao tráfico de escravos impostas pelos ingleses. Os empréstimos feitos pelo Império para financiar a Guerra Cisplatina (1825-1828), e para sanar gastos com indenizações devidas à França e a Portugal, levaram a economia brasileira ao colapso, culminando com a falência do Banco do Brasil em 1828.”

Por ironia do destino, as ações do BB atingiram no dia 03/09/2014 o maior valor em toda sua história de vida (R$ 38,19). Foi uma semana histórica, não só para o BB como também para várias outras empresas brasileiras que pegaram carona na irracionalidade em que se encontra o mercado atual. Se estivesse vivo, o Barão estaria muito feliz com o desempenho do banco que ajudou a recriar, porém estaria muito preocupado com a situação atual da indústria brasileira, indústria esta que foi praticamente introduzida no país por ele mesmo.

E para ilustrar este post histórico, registro aqui as maiores altas até o momento (fonte Exame):

Banco do Brasil (BBAS3)

São Martinho (SMTO3)

Bradesco (BBDC4/BBDC3)

Itaú (ITUB4/ITUB3/ITSA4/ITSA3)

Taesa (TAEE11)

Kroton (KROT3)

Localiza (RENT3)

BB Seguridade (BBSE3)

Alupar (ALUP11)

Lojas Americanas (LAME4)

BRF (BRFS3)

BTG (BBTG11)

Qualicorp (QUAL3

Pão de Açúcar (PCAR4) 

Cemig (CMIG4/CMIG3)

Bom, destas 15 empresas eu sou acionista em 7, então posso dizer que estou participando desta festa de camarote, o verdadeiro rei do camarote, kkk.


Bom fds!

11 comentários:

  1. Segue o trecho do livro do Jorge Caldeira (Mauá - Empresário do Império):

    "OS SUBTERRÂNEOS DA PROPRIEDADE

    Aos poucos, a primeira onda da crise que explodiu com a abdicação de dom Pedro I foi passando. A Regência se firmou com sua política austera, e o Ato Adicional de 1834, além da descentralização mencionada, introduzira a novidade de um regente único, que deveria ser eleito; os liberais imaginavam remover assim o maior obstáculo que restava, o da instabilidade no centro do poder.

    No dia 7 de abril de 1835, exatos quatro anos após a renúncia de dom Pedro I, Diogo Antônio Feijó vencia a eleição. Como regente, teria quase todos os poderes do imperador - e um programa liberal para implementar. No caminho traçado estava o avanço das reformas: descentralizar a administração, consolidar o poder local e extinguir o que restava do tráfico de escravos - que Feijó imaginava poder esmagar com a ajuda da Inglaterra. O velho mundo mercantilista parecia condenado, e sua marca mais visível seria o fim do Banco do Brasil, o símbolo político dos desmandos absolutistas.

    Quatro dias depois da eleição do novo regente, como para marcar os novos tempos, a obra se tornava visível: quarenta homens de negócio reuniram-se no Rio de janeiro para assinar a sentença de morte do banco. Eram, em sua imensa maioria, comerciantes de grosso e traficantes de escravos - alguns dos quais estavam abandonando esse negócio por causa da ilegalidade. Os velhos donos do poder ainda possuíam algum prestígio, mas que só lhes serviu para vender mais caro a derrota. O governo pagou a cada acionista 80% do valor nominal de suas ações - as quais já haviam proporcionado um rendimento médio de 12,3% anuais durante a vida da empresa, mesmo nos tempos de crise aguda. Esse era o preço da submissão de todos eles à nova ordem.

    Depois de assinarem solenemente a ata de liquidação, todos os membros da comissão foram em caravana até o ministro da Fazenda, Manuel do Nascimento Castro e Silva, para lhe comunicar oficialmente o fim do banco. Assim se dobravam ao novo regime, numa festa concorrida. Mas no meio daquela gente sisuda, que tanto trabalho dera aos liberais, um rapazote de 21 anos chamava a atenção. Os quarenta membros da comissão de liquidação tinham sido escolhidos entre os maiores acionistas do banco - ou seja, entre aqueles que dispunham de várias ações, que valiam um conto de réis cada (dinheiro suficiente para comprar quatro bons escravos naquele momento). O que então estaria fazendo o simples contador Irineu Evangelista de Sousa no meio do grupo?

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    1. Pela primeira vez na vida, ele participava de um encontro importante. Para assinar o documento e ir à audiência com o ministro, vestiu sua melhor roupa, preparou-se com esmero. O que não pôde evitar foram certos comentários que circulavam entre os presentes. Muitos anos mais tarde, Afonso Arinos de Melo Franco refez a pergunta que estava na cabeça de todos aqueles que olhavam torto para ele durante a cerimônia: "Estaria Irineu apenas figurando como titular das ações de fato pertencentes a seu patrão e amigo, que não fazia parte da Assembléia por ser inglês, ou seria ele mesmo proprietário delas? Eis o que não se pode responder com segurança. [ ... ] De qualquer forma, é interessante notar como o rapaz aparecia já assinando o documento que representava a mais importante operação financeira que até aquela data já fora realizada no país".

      A presença pública do caixeiro criava incômodo. Estar ali como suspeito de ser um testa-de-ferro não era exatamente o melhor modo de estrear nas grandes cerimônias dos negócios brasileiros. Os que haviam conhecido o velho Pereira de Almeida poderiam jurar que as ações eram do antigo patrão, e que Irineu emprestara seu nome para que seu novo senhor pudesse usufruir até o último dia dos privilégios regimentais reservados apenas aos acionistas brasileiros. Se isso fosse verdade - e a hipótese era bastante plausível - aos quinze anos de idade Irineu teria negociado a liquidação dos negócios comerciais de seu antigo patrão de modo a fazer parte dela. Seu novo emprego, então, seria uma espécie de fachada para uma transação escusa. Para quem já não gostava de ingleses, essa suspeita bastava: aquele empregadinho não era mesmo boa bisca, como também não era aquele escocês mercenário que o menino dera para imitar. Pela porta da frente do grande mundo comercial é que ele não entraria mesmo. Quando muito, poderia compor o cenário de ocasiões como aquelas apenas para salvar as aparências.

      Mesmo que Irineu quisesse se explicar, iria perder tempo. De nada adiantaria falar que um testa-de-ferro nunca chegaria aonde ele chegou, que a oportunidade do emprego tinha sido ótima para aprimorar seus conhecimentos, que tinha aprendido muito e trabalhado mais ainda, que Carruthers era um bom patrão. Nenhum desses argumentos o ajudaria a ser mais bem compreendido naquele mundo onde agora buscava seu espaço. O caminho que trilhara até ali era estranho demais para que os comerciantes brasileiros o aceitassem. Seu destino estava ligado ao de seu patrão, que andava meio mudado: Carruthers começava a dar sinais de cansaço com sua estada nos trópicos. O fato de embolsar um bom dinheiro com as ações, liquidar com sucesso um crédito que parecia duvidoso no momento em que o aceitara, ajudava a tornar mais plausíveis idéias de descanso. Ele teria uma situação financeira mais estável, uma grande preocupação a menos.

      Nesse caminho, ele pensava melhor do empregado que tinha vindo com as ações. No fim das contas, admitia, apesar da demora o negócio tinha saído melhor que a encomenda. Os seis anos de trabalho de seu contador valeram tanto quanto a bolada - ele podia ser sovina, mas não era ingrato. Muitos podiam não enxergar seu mérito, mas nem por isso Irineu devia merecer pouca consideração. (...)"

      Para quem tiver interesse em ler o livro, segue o link: http://pt.scribd.com/doc/122646722/Maua-Empresario-Do-Imperio-pdf

      Abraço!

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  2. UB,

    O Visconde de Mauá, junto com o Dom Pedro ll, foram os maiores brasileiros da história. E o BB é aquilo, lucrativo desde a época do Império.

    Abraços.

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  3. Bem, como você fica olhando cotação não é sócio, é trader. Então pra participar da "festa" tem que vender, e claro, depois ficar torcendo pra cair. Pra sócio tanto faz se a cotação sobe ao céu ou desce ao inferno, a única coisa que interessa em "suas" empresas, única, é se a empresas seguem lucrando e com bons fundamentus.

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    1. Oi Bastter, seja bem vindo ao meu blog, presença ilustre, rs

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    2. E ele hoje ele tá sem o cachorro, seu Uó...kkk

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    3. kkk

      Esta recorrência da frase "esqueça cotação" já tá cansando. Admiro o cabloco "macho" que vai lá e lança uma ordem de compra em BB a 38 reais. Eu prefiro comprar mais por menos. Tudo bem que ela nunca mais pode voltar a 23 que é meu PM nela, mas sou obrigado a comprar em 38?!

      Existe uma dicotomia na frase do nobre anônimo: "Pra sócio tanto faz se a cotação sobe ao céu ou desce ao inferno, a única coisa que interessa em "suas" empresas, única, é se a empresas seguem lucrando e com bons fundamentus."
      Sim, o mais importante são os fundamentos, concordo em gênero, número e grau. Agora, "tanto faz se a cotação está no céu ou no inferno"? Bom, nem vou entrar no mérito da questão, isto já rendeu discussões intermináveis, já deu, rs.

      Como já dizia Nelson Rodrigues: "toda unanimidade é burra"

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  4. Putz, BB já está neste preço???

    Pior que em janeiro, antes de cair de novo, eu estava com uma mixaria em BB e Petrobras. Eu acreditava, e ainda acredito, que são empresas boas que estão sofrendo com ingerência do governo, estavam a preço de banana e via uma ótima oportunidade de comprar.

    Todo mundo me chamava de maluco: diziam que Petro ia quebrar, que BB tava mal das pernas e blablabla. Vendi quando precisei contrariado, paguei algumas dívidas e morreu por ai.

    Se não fosse muita mixaria, já que a ideia era aportar mensalmente, hoje eu estaria louco da vida!! rsrs

    Depois vou procurar os valores que paguei na época, mas pelo que me lembro: BB foi entre 18 e 22, e petro com quase certeza foi 17.

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    1. Eu comprei BB a 20 e a 24. Petro comprei a 14 e a 13. Petro já vendo quase tudo, BB segurei metade.

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