Esta postagem foi ao ar no dia 18/07/2014, na época este FIP estava cotado no 80 reais. Não tenho pais este Fundo de Investimento em Participações em carteira, de qualquer forma fica aí uma estudo detalhado sobre o tema.
Há pouco tempo me deparei com uma modalidade de investimento ainda pouco conhecida pelo investidor comum: os chamados FIP (Fundos de Investimento em Participações). São fundos caracterizados, principalmente, pela participação ativa nas empresas ou negócios em que investe.
Segundo a instrução 391 datada de 2003 da CVM (Comissão de Valores Imobiliários), um FIP deve ser constituído em forma de condomínio fechado e os recursos sob sua administração devem ser destinados à aquisição de ações, debêntures, bônus de subscrição, ou outros títulos e valores mobiliários conversíveis ou permutáveis em ações de emissão de companhias, abertas ou fechadas, participando do processo decisório da companhia investida.
A maioria dos FIPs investe em empresas fechadas, praticando aquilo que também é conhecido como
Private Equity. Um FIP pode ser utilizado para comprar empresas endividadas, pode ser um fundo mezanino - que fica por um tempo pré-determinado participando da empresa - ou até mesmo investir em empreendimentos imobiliários. A intenção do fundo é tirar proveito do potencial de crescimento de tais investimentos.
Diferenciais
Uma vantagem de investir neste tipo de fundo é que o cotista participa do crescimento dos negócios em carteira, sejam de capital fechado ou aberto. Este tipo de fundo oferece grandes oportunidades de ganho em relação aos fundos tradicionais de ações, pois buscam investimentos com alto potencial de maturação e retorno.
Um FIP pode ser montado por um investidor que quer investir em empresas iniciantes, sem que o aporte precise ser direto, e também é uma forma de abrir a empresa para investidores. É vantajoso em relação ao investimento direto pela sua transparência e sua governança corporativa, pois tem custodiante e auditoria obrigatórios. Para a empresa também é bom, pois ela pode começar a ter contato com o mercado de capitais e se ela quiser fazer um IPO já terá níveis elevados de governança corporativa.
Outra vantagem é o fato de este tipo de fundo ser obrigado a participar ativamente da administração dos negócios, o que trás mais chances de retorno. Por outro lado o risco também é maior, e tudo vai depender da qualificação do gestor.
Se o fundo investir em empresas fechadas, ele traz a vantagem de estar apostando em negócios com grande potencial de expansão, pois as empresas ainda não são tão maduras quanto as que já são listadas na bolsa, que é a grande diferença entre investir em ações e investir num FIP.
Fundos de Investimentos em Participações com Cotas Negociadas em Bolsa
Apesar de pouco conhecidos no Brasil, os Fundos de Investimento em Participações com cotas negociadas em bolsa tem chamado a atenção dos investidores de varejo, especialmente por seu elevado potencial de ganho e outras vantagens fiscais.
Em geral, os FIPs são fundos criados para se investir ativamente através da compra de participações em empresas ou empreendimentos específicos. Assim como os Fundos Imobiliários (FII), esses FIPs funcionam como um condomínio fechado que administra recursos.
Hoje em dia, muitos FIPs também são criados com objetivos bem exatos como a aquisição de imóveis ou de pequenas centrais hidroelétricas, sendo montados na forma de Sociedade de Propósito Específico (SPE). Como os FIPs podem investir em praticamente qualquer coisa, ter seus propósitos bem esclarecidos torna mais fácil compreender os riscos e reduzir a complexidade de acompanhamento das operações do fundo.
Abaixo uma lista extraída do site da BM&FBOVESPA com os FIPs que hoje estão listados na bolsa. Fiz uma busca rápida no HB da minha corretora em cada um destes e percebi que apenas o XPOM tem apresentado negócios diários. Fiquei na dúvida se os demais têm as cotas negociadas no mercado.
FIP-IE XP Omega I (XPOM11)
Este FIP tem se tornado o queridinho dos pequenos investidores. Como é negociado em bolsa então está disponível para quem tem em investir em uma empresa de capital fechado com bom potencial de crescimento e de quebra receber rendimentos semestrais isentos de Imposto de Renda.
Diferenciais do FIP apontados pela gestora:
• Receita: contratos de longo prazo acima de 10 anos com empresas de grande porte;
• Inflação: contratos ajustados anualmente protegendo o capital da inflação;
• Conjuntura Setorial: demanda crescente por energia e alta liquidez nos contratos favorece o setor;
• Ativos: ativos operacionais com desempenho comprovado, assim como nas grandes companhias elétricas, além de contar com uma gestão profissional;
• Benefício fiscal: rendimentos (isento de IR) e ganhos de capital no mercado secundário (15% ao invés dos 27,5% do IR tradicional) com vantagem fiscal;
• Liquidez: com as cotas negociadas em bolsa espera-se boa liquidez com facilidade de resgate do capital aplicado.
O FIP-IE XP Omega I é detentor de aproximadamente 34% do capital total da Asteri Energia S.A. (“Asteri”), uma sociedade holding que, por sua vez, detém 100% do parque eólico de Gargaú e 51% da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Pipoca. A Omega Energia Renovável S.A. é sócia do XP Omega I na Asteri, sendo titular de aproximadamente 66% do capital total. O fundo atualmente detém 100% das ações preferencias de emissão da Asteri, que conferem direito ao recebimento de dividendo preferencial e cumulativo de IPCA+7,5% a.a. até 2032, o qual deverá ser pago semestralmente nos meses de maio e novembro.
O fundo passou a ser sócio da Omega Energia Renovável na Asteri Energia. A Asteri não precisava de recursos, porém tinha o interesse de vender parte de sua participação para financiar novos investimentos em projetos "greenfield".
A Omega tem entre seus principais sócios as gestoras Tarpon Investimentos e a Warburg Pincus. Pelo desenho do negócio, a Omega possui 100% das ações ordinárias da Asteri, ou 66% do capital total. O fundo da XP tem 100% das ações preferenciais recém emitidas da holding, ou 34% do capital. Essas preferenciais terão os moldes das "preferred shares" americanas. Terão prioridade no recebimento dos dividendos, que serão fixos e cumulativos até outubro de 2032.
Pipoca está localizada no rio Manhuaçu, em Minas Gerais, e tem capacidade instalada de 20MW. Gargaú está localizado em São Francisco do Itabapoana, no Rio de Janeiro, e tem capacidade instalada de 28MW. Ambos os ativos estão em operação desde o último trimestre de 2010. Abaixo segue a estrutura acionária da Asteri após aquisição das ações preferenciais por parte do FIP Omega.
Uma vantagem importante destes ativos é que ambos possuem contratos de longo prazo com contrapartes de excelente risco de crédito, indexados à inflação. Pipoca possui contratos até o ano de 2025 com consumidores de primeira linha e ainda conta com a Cemig como sócia estratégica no ativo.
Gargaú faz parte do Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica), programa do governo federal lançado em 2002 e implantado em 2004, com a finalidade de estimular investimentos em fontes alternativas de energia. Os contratos do Proinfa seguem um mesmo padrão, e por contarem com incentivos do governo federal possuem características extremamente favoráveis às empresas.
Para citar alguns exemplos destacamos: (i) o prazo de 20 anos, (ii) os preços, superiores a R$ 330/MWh a valores de hoje no caso de Gargaú, e (iii) as garantias, onde o governo federal, através da Eletrobrás, garante um piso de 70% da receita contratual durante toda a duração do financiamento, que vai até 2026 no caso de Gargaú.
Uma vez que esses ativos não possuem mais qualquer risco de construção, o principal risco do negócio passa a ser de ordem climática. Como lidamos com fontes renováveis de energia, a geração de caixa consolidada da Asteri depende do regime de chuvas (caso de Pipoca) e do regime de ventos (caso de Gargaú).
XPOM11 no Mercado Secundário
Percebe-se que, recentemente, o preço no mercado secundário do FIP Omega tem sofrido, atingindo patamares abaixo dos R$ 90,00 / cota (R$ 83,15 no fechamento de 17/07/14). Acredita-se que isso ainda se deve a um entendimento incompleto por parte do mercado.
O FIP Omega é um investimento de longo prazo, com um fluxo de distribuição crescente nos primeiros anos até o momento em que todo o dividendo das ações preferenciais acumulado é distribuído e o fluxo anual é estabilizado no patamar de IPCA + 7,5% a.a. A razão que esse dividendo não está sendo distribuído integralmente se deve à restrições contábeis e cláusulas contratuais com o BNDES. Com o passar do tempo e à medida que essas restrições diminuem, todo o dividendo acumulado devido às ações PNs desde a liquidação do IPO serão pagos. Vale lembrar, que este saldo ainda não pago é corrigido à IPCA + 7,5% a.a. até o momento de sua distribuição integral. Ou seja, o valor econômico do investimento está preservado.
Carta do Gestor (Análise do Primeiro Trimestre de 2014)
O primeiro trimestre de 2014 foi bem relevante para o FIP-IE XP Omega I. Aproximadamente 9 meses após a captação do Fundo, chegamos em Março com a segurança de que os ativos comprados indiretamente pelo Fundo (Gargaú e Pipoca) são sólidos e vêm apresentando desempenhos acima de nossas expectativas.
Pipoca, mesmo que marginalmente, vem conseguindo se beneficiar dos altos preços de energia no mercado spot, uma vez que possui pequeno percentual de sua energia assegurada descontratada (hedge hidrológico natural). Gargaú teve um início de ano excepcional, com geração física de energia 25% acima de nossa expectativa. Com isso, o caixa da Asteri segue robusto, e passa a ser questão de tempo para que este caixa possa migrar aos cotistas do Fundo, regularizando assim seu fluxo de recebimentos no tempo.
Gostaríamos de usar este espaço para falar sobre um assunto que julgamos de extrema importância para o investidor de longo prazo do FIP Omega: o valor estratégico dos ativos geradores de energia. Todos sabem que os níveis dos reservatórios no Brasil (principalmente no Sudeste) estão em patamares preocupantes. A proximidade do calendário eleitoral prejudica a discussão do assunto, estando o mesmo demasiadamente politizado. Com isso, não fazemos o que devíamos, agravando o problema e o “empurrando” para frente. Estamos entrando no período seco, saindo do chuvoso, e a situação dos reservatórios no SE/CO chega ao final de Abril com 38,16%*.
Já falamos em relatórios passados de como essa escassez de energia acaba aumentando o custo marginal da mesma, e com isso, aumenta também o valor estratégico de longo prazo dos ativos de geração. Mas tivemos um fato novo em Abril que vale destacar. O Governo decidiu fazer um leilão (Leilão A de 2014) para entrega imediata de energia e com prazo de 5 anos (até Dezembro de 2019). O preço teto do contrato durante todo o prazo foi estipulado em R$271/MWh (ajustado pela inflação), bem acima das sinalizações passadas. Ainda assim, o leilão não conseguiu suprir integralmente a demanda das distribuidoras. Ao que tudo indica, os donos dos ativos de geração de energia estão com outra visão do que seria um preço interessante para contratar sua energia, hoje descontratada.
O que isso significa para nós? Bom, primeiro que o valor estratégico de Gargaú e Pipoca aumenta no tempo. Segundo, que os preços de energia livre no futuro (após vencimentos dos contratos atuais) deverão ser maiores do que aqueles que consideramos em nosso modelo quando da decisão de investimento.
Continuaremos sempre trabalhando para fornecer maior transparência e informações para nossos cotistas, ajudando o desenvolvimento e divulgação do FIP Omega para o mercado. E desde já, nos colocamos à disposição para esclarecermos quaisquer dúvidas.
Link de Interesse:
Parque Eólico de Gargaú
Fontes do Artigo:
BM&FBOVESPA
XP Investimentos
UOL Economia
Melhores Fundos
Plancorp